O Artista

Igor Romana é um artista visual paulistano cuja obra explora a solidão e a busca por identidade na metrópole contemporânea. Através de figuras melancólicas e espaços de transição, como o metrô e ônibus, investiga a tensão entre o individual e o coletivo, utilizando uma paleta vibrante e pinceladas expressionistas. Suas composições, habitadas por uma luz intensa e contida em meios-tons, revelam a magia do transitório e a potência da resiliência humana. Formado em Design Gráfico pela Belas Artes de São Paulo, Romana estudou pintura por mais de quatro anos no ateliê de João Paulo Latorre, onde aprofundou suas técnicas e desenvolveu uma pesquisa que une memória e urbanidade, transformando o desajuste em beleza e a solidão em mundo.

Participações Artíticas Relevantes

  • Residência no projeto Marieta em SP (jan2024 - mar2024)

  • Residência no edificil Vera (nov 2024 - atualmente)

  • Ganhador do 20º Salão Ubatuba de Artes Visuais de 2025

Meu trabalho nasce da solidão — não como ausência, mas como espaço de criação. Sou filho de São Paulo, uma cidade que me ensinou a ver beleza no caos e a encontrar significado no vazio. Cresci na Zona Sul, entre a periferia e um bairro nobre, vivendo a dualidade de quem habita dois mundos: o da casa dos patrões da minha mãe, onde aprendi a comer em pratos branquíssimos, e o da periferia, onde servíamos o pouco que tínhamos em pratos Duralex marrom. Essa experiência de transito, de não pertencer completamente a lugar nenhum, moldou meu olhar e minha prática.

Minhas figuras existem na meia luz — esse momento fugidio entre o dia e a noite, onde a cidade revela suas contradições mais íntimas. É quando as multidões se transformam: rostos iluminados por uma luz intensa, mas contida em meios-tons, que revela a magia que habita o transitório, e o metrô, um não lugar, torna-se palco de histórias invisíveis. Essa luminosidade única, que não é plena luz nem escuridão, é o estado em que minha obra habita — um espaço de transição, onde a beleza e a melancolia coexistem.

A meia luz é mais que um horário; é um estado da alma. É quando a cidade parece suspensa, entre o que foi e o que ainda pode ser, e as pessoas estão mais vulneráveis, mais humanas. Nessa penumbra, pinto a busca por identidade: cores vibrantes emergem da escuridão, como resistência à desumanização. Cada pincelada é um ato de coragem, uma tentativa de transformar o desajuste em beleza.

Minha paleta, saturada e terrosa, é uma resposta ao deserto afetivo da metrópole. As cores não reproduzem a realidade, mas a reinventam, criando um espaço de fuga e reencontro. Aqui, a solidão não é apenas tristeza; é também potência. É onde o isolamento se transforma em criação, onde a fragmentação vira composição, e onde o vazio ganha significado.

No fim, minha arte é um ato de renascimento. É o que faço para transformar o desajuste em beleza, a alienação em conexão, a solidão em mundo. Cada tela é um labirinto visual, um convite para o observador se perder e, quem sabe, se encontrar.